Uma das principais causas de indicação cirúrgica entre atletas é a lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA). O problema acontece durante movimentos chamados de torcionais ou rotacionais, a famosa torção: o pé fica preso ao chão enquanto o corpo gira sobre o joelho.
Atletas do futebol, handebol, basquete e outros esportes de contato, envolvendo saltos, mudanças repentinas na direção ou os movimentos de giro tem maior probabilidade de sofrer esse tipo de lesão.
Lesões nos ligamentos, quando não reabilitadas corretamente, podem resultar no fim prematuro de uma carreira esportiva. Continue a leitura e saiba mais detalhes sobre a reabilitação para evitar que isso aconteça com você.
O que é preciso saber sobre a articulação dos joelhos?
Para entender melhor como funciona a reabilitação da lesão no ligamento cruzado anterior (LCA), vamos começar explicando a anatomia do joelho.
A articulação do joelho é uma articulação complexa, tanto em relação à anatomia, como na funcionalidade. Ao mesmo tempo em que precisa sustentar o peso do corpo, também deve ser flexível e gerar estabilidade, para que seja capaz de absorver o impacto e transmitir a força necessária para que o atleta possa praticar o esporte.
O LCA fica dentro da articulação do joelho, ligando o fêmur à tíbia. Sua estrutura é fibrosa, semelhante a uma corda, sendo uma das estruturas responsáveis pela estabilidade dos movimentos. Quando ocorre a lesão no ligamento cruzado anterior, essas fibras podem estirar ou romper, causando a lesão parcial ou total.
Caso não seja corretamente tratada, o atleta acaba sofrendo com o desgaste precoce dos joelhos. Isso porque a ruptura do ligamento compromete a estabilidade das articulações e sobrecarrega tendões, meniscos e cartilagens.
Quais as opções de tratamento para reabilitação de atletas com essa lesão?
No geral, o tratamento após a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) pode ser operatório ou conservador, sendo que:
Tratamento cirúrgico
O médico ortopedista remove o ligamento lesado e substitui por um enxerto de tendão retirado de outra parte do joelho do paciente, exigindo o trabalho da fisioterapia no pós-operatório, com objetivo de recuperar a função da articulação do joelho com segurança;
Tratamento conservador
Realizado por meio da fisioterapia, que utiliza recursos de eletrotermofototerapia logo nos estágios iniciais da reabilitação, atuando no controle do edema da articulação e na redução das dores, associado a movimentação precoce do membro de forma gradativa e segura, preservando e otimizando as funções e estruturas do joelho.
Em ambos os casos, o objetivo é atingir o melhor nível funcional para o paciente, sem arriscar novas lesões ou alterações degenerativas no joelho, ao mesmo tempo em que possibilita o rápido retorno ao alto nível de atividade, seja ela física, seja esportiva, seja ocupacional.
Até anos atrás era obrigatório o retorno ao esporte somente após 9 meses. No entanto, dependendo do tratamento e da estimulação, esse período pode ser reduzido, levando entre 6 a 9 meses para a recuperação – sempre respeitando os níveis de progressão e a individualidade do paciente.
Quais as diferenças entre o tratamento cirúrgico e o conservador?
Como falamos anteriormente, a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) pode levar o atleta a ter instabilidade do joelho, aumentando o risco de ter outras lesões no menisco.
Essa característica, somada à natureza da lesão – parcial ou total – e as características individuais do paciente, suas atividades do cotidiano, muitas vezes é o que dita se o atleta deve receber o tratamento cirúrgico para a reconstrução do LCA.
O tratamento conservador, ou seja, não cirúrgico, é realizado por meio de um programa de reabilitação progressiva, que inclui exercícios para melhorar a força e promover o reequilíbrio muscular. Falaremos mais sobre o assunto nos próximos tópicos.
Qual o perfil do paciente submetido ao tratamento conservador?
Durante muito tempo, a idade do atleta era um fator determinante para escolher o tipo de tratamento e exercícios de reabilitação adequados para tratar as lesões do LCA. Trabalhava-se com a idade limite de 40 anos para tratamento cirúrgico.
Atualmente, fatores como o nível atlético do paciente, as exigências do esporte quanto a sua atuação e sua própria expectativa quanto a essas exigências são discutidas entre os profissionais durante a escolha do tratamento adequado.
A conduta mais indicada para cada caso deve ser avaliada de maneira individual, afinal, qualquer pessoa está sujeita a sofrer uma lesão de ligamento nos joelhos, não apenas atletas.
Portanto, o tratamento conservador deve ser considerado para aqueles que apresentam lesão isolada do LCA total ou parcial, e que se proponham a modificar suas atividades para exercícios orientados , treinamento funcional, reeducação esportiva e tratamento fisioterapêutico até a sua completa recuperação.
Como é a reabilitação pós-cirúrgico?
O processo de reabilitação pós-cirúrgico consiste em um esquema de metas que devem ser atingidas pelo paciente durante a fisioterapia, como:
- redução do edema;
- restabelecimento da força e do condicionamento físico;
- restauração completa dos movimentos do joelho.
- o atleta consegue apoiar o peso do corpo sobre o joelho sem sentir dor.
Para isso, são utilizados os seguintes recursos:
- eletrotermofototerapia;
- exercícios de fortalecimento dos músculos do quadril, joelho e tornozelo;
- treino de equilíbrio e do controle dinâmico dos movimentos dos membros inferiores.
- Exposição gradativa de tarefas e atividades de vida diária e de movimentos e gestos específicos de cada modalidade esportiva, até atividades funcionais primordiais para o ser humano como: agachar, correr, saltar entre outros.
A intensidade dos exercícios vai aumentando durante a reabilitação, bem como o grau de dificuldade. A intenção é que, com a evolução do tratamento, o paciente consiga realizar exercícios semelhantes ao esporte que pratica.
Depois de um período mínimo de 6 meses e a realização de alguns testes, o pode receber alta e então realizar o retorno gradativo e seguro às suas atividades.
Como a reabilitação mudou com o passar dos anos?
As incessantes pesquisas sobre a biomecânica do joelho lesionado trouxeram mudanças importantes na reabilitação do LCA.
Técnicas do passado se caracterizavam pelo uso de gesso pós-operatório, sustentação de peso retardada e limitação da amplitude de movimento articular (ADM).
Hoje, os programas adotam a reabilitação precoce, com eletroestimulação e técnicas para restauração da ADM, além de exercícios de força e descarga progressiva de peso.
Qual a importância da reabilitação no tratamento das lesões?
Seja em tratamento cirúrgico, seja no tratamento conservador, a reabilitação é uma parte importante para que o atleta possa recuperar o seu desempenho no esporte.
Os fisioterapeutas são profissionais habilitados para conduzir o processo, pois detém um profundo conhecimento sobre a cicatrização e da biomecânica da articulação do joelho após lesão e reconstrução.
A união entre o trabalho de médicos e fisioterapeutas fazem com que a reabilitação promova a recuperação completa do atleta, permitindo a restauração da estabilidade funcional da articulação do joelho, ganho de força , amplitude de movimento e retorno seguro às atividades sejam ela: físicas, esportivas, de vida diária ou ocupacionais.
Chegamos ao final do nosso material sobre reabilitação de atletas com lesão no ligamento cruzado anterior (LCA). Esperamos que as informações trazidas neste material tenham contribuído para que você possa tomar melhores decisões a respeito da saúde do seu joelho.
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